Poderes... eu tenho poderes!

Enquadramento. Há uma loja no Porto que adoro. Que por razões que não entendo não existe em Lisboa. Que é a única onde sou capaz de comprar uma coisa à primeira. Até porque não posso ir todos os dias. Desde que soube que ia trabalhar ao Porto poupei dinheiro para a Blanco. Sexta quase que não dormi para ter tempo de lá passar mais de 5 minutos. Estive duas horas. Experimentei tudo e a custo escolhi 5 peças.

Feliz e já atrasada para voltar a Lisboa aproximei-me da caixa e o multibanco não estava disponível (pequeno contratempo, pensei). Não me dando por vencida saio à rua e tento descobrir o multibanco mais próximo. Depois de uma conversa surreal com uma local, lá o descubro no final de uma fila de aproximadamente 30 pessoas. Espero. Pelo burburinho começo a perceber que o caso é mais grave que pensava. Pelos vistos ninguém consegue fazer pagamentos e só os mais afortunados conseguem levantar dinheiro. Insisto na fila. Chega a minha vez e o multibanco acende a luz vermelha.

Volto a não me dar por vencida e inicio uma busca pelas ruas da Invicta. O cenário que se seguiu foi inexplicável. Magotes e magotes de pessoas em busca de caixas de multibanco, uma romaria que em cada esquina angariava mais amigos. Unimo-nos todos em busca de um objectivo comum. Dinheiro para gastar. Uma caixa, duas caixas, três caixas e nada. Começo a ficar impaciente. A vida é injusta, pensei. Eu nunca venho ao Porto e é tão difícil decidir-me a comprar algo. Chegamos à quarta caixa. Resolvo interiormente que será a última. Espero na fila e até chegar a minha vez ninguém consegue levantar. É a minha vez de rodar a tombola.

Aproximo-me do ecra e resolvo apelar ao bom senso da máquina. Falo com ela. Explico-lhe o meu caso ao mesmo tempo que carrego nas teclas. Espero. O tempo de espera parece uma eternidade. Quase a desesperar ouço um barulho. Será? Obrigada querida máquina! Posso dizer que até recebi palmas das pessoas atrás de mim;P