Crónica de uma (des)ilusão antecipada...

Que a expectativa mata à partida o momento, já se sabe mas mesmo assim sou daquelas pessoas que insiste em cultivar intensamente o planeamento emocional de momentos importantes. Não devia, eu sei, mas é muito mais forte do que eu.
Há meses que antecipava o dia, o ambiente de festival, o cenário preferido de trabalho e uma das bandas que tanto contribui para a minha banda sonora particular. A juntar a isso, a hipótese da entrevista, de conhecer alguém que muito se admira e de em sonhos arriscados, pedir-lhe que se compadecesse com a minha veia romântica de 16 anos e que tocasse a minha(nossa)música, que não tocou há dois anos e que normalmente não costuma tocar ao vivo.
O dia chegou e correu tudo como idealizado. Simples, simpático, interessante e humilde, elogiou as minhas sandálias, brincou com o meu nervosismo, respondeu com vontade, pediu-me que lhe escrevesse em português "I`ts nice to be back" (É bom es(ch)tar de volta", que repetiu duas vezes no concerto) e por isso foi quase natural que quando lhe fiz o pedido ele tenha dito "Sure! Which one do you want?" que imediatamente escreveu na mão para não se esquecer.
Escusado é dizer que depois disso fiquei em êxtase durante todo o dia e ainda mais quando a minha colega "estranha":) me deu o alinhamento oficial e nele constava a "minha" música como penúltima já no segundo encore.
Feliz da vida desfrutei do concerto que mais uma vez adorei, mas infelizmente não consegui deixar de antecipar o que seria o meu (nosso) momento. E fiz mal, porque o momento acabou por não acontecer. E eu acabei por levar para casa uma enorme desilusão...




Ao menos tenho a prova de que ele não se esqueceu e tinha a intenção de a tocar...